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| Se estamos acompanhados, procuramos fazer tudo juntos, então espere pelos demais para entrar em casa, ou sentar-se à mesa no restaurante, etc. |
A compostura do corpo — da cabeça aos pés — constitui o reflexo exterior natural da serenidade e da dignidade que habitam o interior. Ela materializa a ordem da alma, exigindo o firme domínio de si e manifestando a devida consideração por si mesmo e pelo próximo em todos os ambientes.
1. DA FONTE DAS BOAS MANEIRAS
O Reflexo Exterior: O porte do corpo manifesta o respeito por nós mesmos e a consideração pelo próximo, evidenciando a viva consciência de nossa dignidade como filhos de Deus. Como ensinam os princípios da civilidade cristã, a "verdadeira elegância nasce da ordem interior e se expressa na harmonia dos gestos" (São Francisco de Sales).
Dignidade: Cada movimento e expressão projeta uma presença inspiradora de confiança, manifestando a vida de quem sabe que ser cristão é ser, verdadeiramente, outro Cristo. "Glorificai a Deus no vosso corpo" (1Cor 6,20): que nossa apresentação física seja sempre reflexo da graça que habita em nossas almas.
Comunicação: O corpo, e especialmente o rosto, transmite o estado da alma e impacta diretamente o próximo. A nossa expressão fisionômica pode se tornar veículo da caridade ao comunicar a paz de Cristo para edificar a união, pois um semblante pesado ou hostil fere a harmonia entre os filhos de Deus.
2. DAS VIRTUDES CORRELATAS
Ascese e Autodomínio (Temperança): Cultivar uma postura correta é exercício de ascese cristã — o domínio do espírito sobre o corpo. A virtude se manifesta ao evitar movimentos involuntários, tiques nervosos (como coçar a cabeça ou mexer no cabelo sem parar) e a busca desordenada pelo conforto imediato, mantendo o corpo sob a regência da vontade.
Prudência e Respeito: A postura demonstra consideração pelo espaço social. No olhar, a prudência se traduz em olhar com gentileza e atenção, evitando a arrogância ou o desdém que ferem os sentimentos alheios.
Modéstia (na Aparência e Ação): A boa postura traduz-se em equilíbrio e naturalidade. A modéstia regula tanto a nossa apresentação (evitando a vaidade excessiva) quanto os nossos gestos, rejeitando a displicência e o relaxamento vulgar que ofendem a dignidade do ambiente.
Justiça (Zelo do Bem Comum): Priorizar o conforto imediato em detrimento do respeito pelo bem-estar coletivo e pela integridade do que é comum (móveis, espaço) não condiz com uma postura educada. O zelo com a higiene pessoal também é um ato de justiça para com o convívio social.
3. DAS REGRAS DE BOAS MANEIRAS
3.1. Boas Maneiras Pessoais
Cabeça e Rosto: Mantenha a cabeça ereta e olhe para a frente, com naturalidade. Não deixe a cabeça caída nem a afunde entre os ombros (o queixo deve formar uma linha paralela ao chão). Mantenha o rosto limpo e relaxado, sem franzir a testa desnecessariamente.
Higiene e Cabelos: Penteie, trate e lave os cabelos todos os dias, mantendo-os bem apresentados. As orelhas devem estar sempre limpas. Importante: a limpeza das orelhas, nariz ou dentes é ato estritamente privado, portanto jamais os faça na frente de outros. Nunca use os dedos ou objetos para essas limpezas.
Ao Ficar em Pé e Movimentar-se: Mantenha a distribuição uniforme do peso para garantir equilíbrio e estabilidade, com ombros alinhados e para trás. Caminhe sem arrastar os pés, com gestos deliberados e velocidade moderada, denotando controle e propósito. Evite apoiar-se de forma displicente em paredes ou móveis.
Ao Sentar: Mantenha a coluna alinhada e ereta, com os pés no chão. Evite "jogar-se" displicentemente no sofá ou na cadeira. Não se sente sempre tão esparramado que coloque o peso na lombar ao invés de sentar-se apropriadamente.
3.2. Boas Maneiras para com o Próximo
O Olhar e a Conversa: Olhe para a pessoa que está falando com você, sem desviar o olhar para outros lugares, demonstrando total atenção. Mantenha uma distância respeitosa, evitando a invasão do espaço pessoal.
Expressão e Emoções: Não balance a cabeça com desdém quando alguém estiver falando, nem incline a cabeça para trás sugerindo superioridade. Esteja consciente de suas emoções: a modéstia e a humildade se sentem nas interações sociais. Resolva interiormente o que as emoções lhe propõem, mas não permita que elas ditem uma forma agressiva ou crítica de tratar o outro.
Socialização e Hierarquia: Com amigos, o sorriso e a alegria devem ser constantes, mas sem excesso de familiaridade indevida. Diante de pessoas importantes ou em situações formais, mantenha a seriedade e a discrição, evitando risos exagerados ou brincadeiras fora de hora.
3.3. Boas Maneiras em Relação ao Evento/Ambiente
Aparência: A regra de ouro é a propriedade: a roupa deve adequar-se à ocasião, à idade e ao ambiente. Evite exageros que denotam vaidade (brincos desproporcionais e maquiagem pesada) e a informalidade desrespeitosa como o usar bermudas, shorts, roupa curta ou transparente na Igreja. A vestimenta deve refletir a maturidade de quem a usa, rejeitando estilos infantilizados que não condizem com a dignidade da própria idade.
Gestos no Ambiente: Nunca arrume os cabelos, coce a cabeça ou limpe o rosto em público (principalmente na igreja ou à mesa); retire-se ao banheiro para estes ajustes. Nunca apoie a cabeça na mão, pois demonstra tédio ou cansaço.
Uso do Espaço e Móveis: Não coloque os pés sobre a mesa ou em cadeiras vazias. Mesas não são assentos, e paredes não são suportes para os pés. Ao mover-se ou deslocar objetos, faça-o de maneira suave, evitando ruídos desnecessários.
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