Boas Maneiras na Igreja
1. A Igreja e as Relações que Ali se Vivem
A igreja é a casa de Deus, lugar onde Ele está presente. Compreender essa presença e as relações que ali vivemos é fundamental para nos comportarmos adequadamente.
A Igreja como Corpo de Cristo
A Igreja é o Corpo de Cristo. Cristo, como Cabeça, difunde o Espírito Santo em seus membros para alimentá-los, curá-los, vivificá-los e animá-los. Pelo Espírito Santo, a Igreja é também o Templo do Deus Vivo. O Espírito Santo é o "Princípio de toda ação vital e verdadeiramente salutar em cada uma das diversas partes do Corpo".
Os fiéis são incorporados à Igreja pelo Batismo, tornando-se membros uns dos outros e "pedras vivas" para a construção de um edifício espiritual. A Igreja responde com o dom do amor ao dom do Esposo (Cristo). Sua estrutura se ordena integralmente à santidade dos membros do corpo místico de Cristo.
O Edifício Sagrado
A Igreja, enquanto instituição visível e Corpo Místico, requer lugares para a reunião da comunidade, e estes edifícios adquirem um significado sagrado por causa da presença de Cristo. As igrejas visíveis não são apenas locais de reunião, mas significam e manifestam a Igreja viva naquele lugar, sendo a morada de Deus com os homens reconciliados e unidos em Cristo.
Cristo está sempre presente em sua Igreja, especialmente nas ações litúrgicas. A igreja é a casa de oração onde a Eucaristia é celebrada e conservada, e onde a presença de Jesus, nosso Salvador, é honrada para auxílio e consolação dos cristãos.
A Presença Real no Santíssimo Sacramento
O Santíssimo Sacramento (Eucaristia) é o Sacramento dos Sacramentos, que contém todo o bem espiritual da Igreja, a saber, o próprio Cristo, nossa Páscoa. No santíssimo sacramento da Eucaristia estão "contidos verdadeiramente, realmente e substancialmente o Corpo e o Sangue juntamente com a alma e a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo e, por conseguinte, o Cristo todo".
Sob as espécies consagradas do pão e do vinho, Cristo mesmo, vivo e glorioso, está presente. A presença de Cristo é singular, pois se opera a transubstanciação do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Cristo. O Sacrário (tabernáculo) é o espaço na igreja onde o Santíssimo Sacramento é conservado, sinalizado por uma lâmpada de luz vermelha sempre acesa.
Nossa Relação com Deus na Igreja
A compostura e o respeito são devidos na Casa de Deus, onde se celebra o sacrifício eucarístico e onde Jesus Cristo, Deus e Homem, está realmente presente no Sacrário. A verdadeira adoração não significa alienação, mas identificação com Deus. Um filho de Deus trata a Deus como Pai: não com submissão servil ou formalidade vazia, mas com respeito e confiança próprios da relação entre Pai e filho.
A igreja, em sua condição terrestre, é um lugar santo, uma imagem da Cidade Santa, a Jerusalém Celeste, para a qual os fiéis caminham como peregrinos. Nosso comportamento na igreja deve demonstrar a reverência, pureza, humildade e devoção que devemos a Deus, imitando Nossa Senhora e os Santos.
BOAS MANEIRAS COMO EXPRESSÃO DA CARIDADE
A igreja é lugar privilegiado para o exercício da caridade fraterna. O sorriso acolhedor a quem chega, especialmente aos desconhecidos ou tímidos, é o primeiro gesto de amor. A contribuição generosa do óbolo, conforme as possibilidades de cada um, sustenta as obras da Igreja e auxilia os necessitados. A atenção genuína aos demais — perceber quem precisa de um lugar para sentar, quem está com dificuldade, quem chegou sozinho — manifesta o cuidado fraterno. A conversa amigável fora do espaço de oração, no átrio ou após a Missa, constrói comunidade e pode ser ocasião de consolo, encorajamento ou simplesmente de presença amiga. O trabalho voluntário na paróquia, seja qual for (limpeza, catequese, coro, ministério), é doação concreta do próprio tempo e talento a Deus e aos irmãos. Por fim, a compreensão caridosa com as limitações humanas dos voluntários — o canto imperfeito, o sermão menos eloquente, a organização que falha — é exercício de paciência e humildade, lembrando que todos servimos com o que podemos oferecer e que a Igreja é, antes de tudo, escola de santidade onde aprendemos juntos a amar.
2. O que Devemos Conhecer
Para comportar-nos adequadamente na igreja e participar frutuosamente da liturgia, precisamos conhecer os principais elementos do espaço sagrado, seus significados e os gestos apropriados.
Elementos da Igreja
O Altar: É o elemento central da igreja, simbolizando tanto o sacrifício eucarístico quanto a mesa do Senhor. O altar é o local onde se realiza a renovação do Sacrifício da Cruz durante a Missa. Sua posição reflete a centralidade da Eucaristia na vida da Igreja.
O Sacrário: Também conhecido como tabernáculo, é onde o Santíssimo Sacramento é conservado. A presença da Eucaristia no Sacrário é sinalizada por uma lâmpada de luz vermelha sempre acesa. Quando entramos na igreja, devemos primeiro identificar onde está o Santíssimo Sacramento e cumprimentá-Lo com a devida reverência.
O Ambão: Onde se proclamam as leituras da Palavra de Deus.
Outros elementos: Pia batismal (símbolo do início da vida cristã), confessionários (que representam a necessidade de penitência), imagens sacras e altares laterais (que ajudam a alimentar a fé e promover a veneração dos santos).
Gestos de Reverência
Nossos gestos na igreja expressam reverência e carinho, submissão e desejo de união e serviço a Deus. Por isso devemos executá-los com cuidado, nunca de modo apressado ou descuidado.
Genuflexão: Em frente ao Santíssimo Sacramento fazemos a genuflexão: o joelho direito se dobra até tocar o chão. O joelho direito é para Deus; o esquerdo reservava-se aos reis da terra. A genuflexão significa que todo joelho se curva perante Deus, é o reconhecimento da supremacia de Deus sobre todas as coisas. Se não se pode fazer a genuflexão por idade ou qualquer outro motivo, faz-se a vênia.
Vênia: É a inclinação do torso para frente (não apenas da cabeça). Fazemos a vênia em frente ao altar quando este não contém o Santíssimo Sacramento.
Sinal da Cruz: A genuflexão e a vênia não incluem necessariamente o sinal da cruz, que é um gesto pelo qual pedimos a bênção a Deus. Pode-se fazer a genuflexão com o sinal da cruz, mas convém que nossos gestos de reverência a Deus não pareçam um movimento mal equilibrado. É preferível fazer uma simples vênia bem feita do que equilibrar meios gestos.
Mãos em Oração: As mãos unidas em oração são sinal de súplica que direciona as graças de Deus para o nosso coração. As mãos abertas simbolizam a doação das graças de Deus pelo sacerdote.
Posturas Durante a Missa
De pé: Levantamo-nos quando vemos que o celebrante está se dirigindo ao altar. Esta postura expressa dignidade e prontidão para a escuta ativa.
Sentados: Postura de meditação e escuta atenta, especialmente durante as leituras e homilia.
Ajoelhados: Aquele que se ajoelha perante Deus o faz por profunda consciência de sua dependência do Pai. É a postura de adoração e penitência. Não se ajoelha com um joelho só, apoiando-se no outro com o cotovelo. Durante a elevação da Hóstia e do Cálice, conserve-se de cabeça erguida, fitando o que o sacerdote eleva.
Acompanhe as orações com as devidas pausas e gestos, junto com os demais, com naturalidade. Os gestos não devem ser meramente rituais, mal feitos ou ignorados.
Disposições para Participar da Missa
A digna participação na Missa requer que as disposições exteriores (corpo e vestimentas) sejam um reflexo fiel das disposições interiores da alma, manifestando respeito, solenidade e alegria.
Disposição Interior: Não se comporte na Missa com a distração de quem vai a um evento meramente social, ou como quem realiza algo rotineiro de modo distraído. Atualize sua vontade para assistir à Missa como dom de si mesmo, imitando o sim de Nossa Senhora. Aproximar-se da Comunhão mantendo a imaginação em outras coisas é tibieza.
Vestuário: O modo de vestir é manifestação necessária das disposições interiores, sendo sinal de respeito e reverência. A limpeza exterior indica, em certa medida, a honestidade interior. O vestuário deve ser marcado por decência, modéstia, simplicidade e dignidade, evitando a afetação, a vaidade, a ostentação e a extravagância.
3. Boas Maneiras na Prática
Ao Chegar
✓ Chegue alguns minutos antes para acomodar-se tranquilamente e preparar o espírito para a celebração
✓ Desligue o celular e qualquer aparelho que emita som antes de entrar na Igreja
✓ Ao entrar, identifique onde está o Santíssimo Sacramento (pela lâmpada acesa no sacrário)
✓ Faça a genuflexão em direção ao Santíssimo Sacramento (ou vênia ao altar, se o Santíssimo não estiver presente)
✓ Acomode-se e use os primeiros minutos para recolher-se em silêncio
Vestuário
✓ Vista-se com decoro: jamais use roupa curta, decotada, apertada, transparente, rasgada, suja ou excessivamente relaxada como shorts e chinelos
✓ Na Missa diária, use traje esporte
✓ Nas Missas solenes, capriche com traje passeio
✓ Se a Missa contará com a presença de Bispo, Arcebispo ou autoridades civis, capriche mais na formalidade da roupa
Durante a Missa
Participação:
✓ Siga corretamente todos os momentos da Missa para responder, ajoelhar, cantar e cumprimentar
✓ Não antecipe os cumprimentos antes do sacerdote pedir
✓ Não permaneça de joelhos quando todos já se levantaram
✓ Não reze tão baixo que não seja ouvido, nem tão alto que se destaque dos demais
✓ Dê preferência a acompanhar a oração coletiva ao invés de fazer outras orações particulares
✓ Esforce-se por acompanhar as leituras e tire ao menos uma consequência prática da Missa para praticar durante a semana
Silêncio e Recolhimento:
✓ Faça silêncio na Igreja
✓ Evite ruídos de sussurros, tiques nervosos, leituras em voz alta
✓ Não fique observando quem entra ou sai
✓ Não atenda o celular (exceto extrema necessidade, retirando-se discretamente)
Postura Corporal:
✓ Evite bocejar, dormir, voltar-se de um lado para outro
✓ Não se sente sobre os calcanhares, nem se deite sobre o espaldar da cadeira da frente
✓ Não se sente reclinado para trás com os braços abertos
✓ Não perturbe com tosses desnecessárias, assoando-se ruidosamente, trocando de lugar ou fazendo ranger bancos
Interação Social:
✓ Ceda o seu lugar para um idoso ou senhora quando necessário
✓ Durante as cerimônias, não saúde efusivamente: basta um aceno de cabeça
✓ Antes ou depois da Missa, seja cordial: somos todos irmãos
✓ Não saia durante o sermão ou durante a bênção do Santíssimo Sacramento
✓ Pêsames e parabéns são dados fora da Igreja, na saída
Caridade:
✓ Jamais fale mal, menospreze ou faça gracejos com a religião e a Igreja (de qualquer denominação)
✓ Respeite o trabalho voluntário dos que servem na Igreja (mesmo que o canto não seja perfeito)
✓ Mesmo que você não acredite no que está sendo dito, respeite a crença dos demais
Crianças na Igreja
✓ Não deixe seus filhos agirem como se estivessem num parquinho
✓ Ensine-os desde pequenos a ter respeito por Deus
✓ Explique o que está ocorrendo na Missa numa linguagem que possam compreender
✓ Não deixe a criança determinar quem assistirá ou não à Missa
✓ Não leve muitos brinquedos para distrair as crianças
✓ Converse sobre fé, oração, Deus e Nossa Senhora: as crianças entendem mais do que imaginamos
✓ Não transforme a Missa em brincadeira nem compense com guloseimas
Visitantes e Turistas
✓ Não passe pela Igreja para ver monumentos enquanto há cerimônias em andamento
✓ Se estiver em grupo turístico, seja discreto e não fale alto
✓ Esteja apropriadamente vestido
Situações Específicas
✓ Em Missas de Sétimo Dia, evite atitudes mais apropriadas para encontros sociais
✓ Se precisar descansar na igreja, mantenha a compostura
✓ Não faça da igreja escritório, banheiro ou dormitório
✓ Se precisar sair por emergência, faça-o com máxima discrição
Ao Sair
✓ Não se apresse para sair
✓ Retire-se do banco apenas depois da saída do celebrante do altar
✓ Ao sair, faça novamente a genuflexão ou vênia
✓ Os cumprimentos e conversas ficam para o átrio ou fora da igreja
Conclusão
Suas boas maneiras na Igreja não são mera formalidade, mas expressão exterior da reverência interior. O cuidado com o comportamento, os gestos e a disposição do coração permite que você participe mais plenamente do mistério celebrado e edifique seus irmãos na fé. As regras de boas maneiras são a linguagem visível do amor, do respeito e da adoração devidos a Deus e ao próximo.
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