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| Trate seus idosos com carinho. |
A verdadeira educação não é apenas o que fazemos, mas o que deixamos de fazer para não ofender a dignidade alheia. O autodomínio para não fazer o que é desagradável aos outros torna-se então prova de categoria humana e expressão de caridade.
1. DA FONTE DAS BOAS MANEIRAS
A essência da falta de educação não é o desconhecimento de uma regra técnica, mas a vulgaridade, que é o excesso do "eu" sobre o "nós". A pessoa vulgar é aquela que transborda: fala demais de si, ocupa espaço demais, impõe suas vontades, seus ruídos e odores aos outros.
A fonte da civilidade cristã é a Kenosis (o esvaziamento de si) para dar lugar ao outro. O cristão refina seu comportamento não para parecer "chique", mas para tornar a vida do próximo mais amável. A beleza do convívio nasce do controle dos impulsos; é o triunfo do espírito sobre a matéria bruta.
2. DAS VIRTUDES CORRELATAS
Temperança: A virtude cardeal que governa os apetites. Quem tem temperança não se deixa arrastar por impulsos de coçar-se, gritar ou consumir descontroladamente. É o freio moral que impede a vulgaridade.
Justiça e Verdade: A recusa da bajulação e da falsidade. A pessoa justa não adula por interesse nem finge qualidades que não tem. Ela trata todos com a mesma dignidade, sem se deslumbrar com cargos ou riquezas.
Respeito Humano (no bom sentido): O cuidado de não escandalizar ou causar repugnância ao irmão. É a caridade aplicada à estética do corpo e dos gestos.
3. DAS REGRAS DE BOAS MANEIRAS (O QUE EVITAR)
3.1. O Corpo em Público (Higiene e Contenção)
Gestos Involuntários: O corpo tem suas necessidades, mas a sociedade exige recato. Coçar partes íntimas, limpar o nariz com os dedos ou roer unhas são atos que causam repulsa instintiva. Se sentir necessidade, peça licença e vá ao banheiro. Preservar os outros dessas visões é um ato de respeito.
Fluidos e Sons: O espaço público não é lugar para escarrar, cuspir ou fazer ruídos corporais (como aspirar muco ou arrotar). Esses atos agridem a sensibilidade alheia. Da mesma forma, bocejos e espirros devem ser sempre protegidos com a mão ou lenço, minimizando o impacto no ambiente.
A Toilette Invisível: Cuidados como cortar unhas, pentear-se ou maquiar-se pertencem à intimidade do lar ou do toalete. Fazê-los em público (à mesa ou no transporte) quebra a barreira do privado e constrange quem assiste.
Postura: O corpo comunica disposição. Evite escorar-se em paredes, sentar-se "esparramado" ou tirar os sapatos em público. A postura ereta e o calçado nos pés demonstram prontidão e respeito pelo lugar onde se está.
3.2. A Convivência e o Espaço (Respeito Sensorial)
A Regra do "Sem Rastros": A pessoa educada passa pelo mundo sem deixar sujeira. Se usou a pia, seque-a; se comeu, recolha o prato. O próximo a usar o espaço não deve notar sua presença pelos vestígios deixados.
Ruídos e Eletrônicos: O silêncio é um bem comum. Evite tamborilar dedos, assoviar ou ouvir áudio sem fones. Em locais compartilhados, o volume da sua voz e dos seus aparelhos deve ser estritamente pessoal.
A "Fome" de Espaço: Não ocupe mais espaço do que o seu corpo exige. Evite espalhar sacolas em assentos vazios ou gesticular invadindo o espaço aéreo do vizinho. Tocar nas pessoas enquanto fala (cutucar, segurar o braço) pode ser sentido como invasão agressiva; mantenha uma distância cordial.
3.3. A Fala e o Trato (Discrição)
O Tom de Voz: Falar alto ou gritar para chamar alguém expõe você e o outro ao ridículo. A conversa deve ser audível apenas para os interlocutores. Em discussões, a elegância está em ater-se aos fatos em questão e não no próprio ego e em manter a voz baixa mesmo na discordância.
Assuntos Interditados: Evite comentar funções orgânicas, doenças detalhadas ou intimidades conjugais como conversa social. Da mesma forma, a crítica e a zombaria (mesmo disfarçadas de "piada" ou de "brincadeira") diminuem quem as faz. Falar de quem não está presente ou de assuntos que excluem parte do grupo é indelicado.
Fim da Bajulação: Trate a todos com igualdade. Adular poderosos ou desprezar humildes é sinal de falha de caráter. A autenticidade vale mais que a "simpatia" interesseira.
3.4. Na Casa dos Outros (O Hóspede Perfeito)
Território Sagrado: A casa alheia tem regras próprias e você deve procurar conhecê-las para segui-las por respeito aos donos da casa. Jamais abra geladeiras, armários ou portas fechadas sem permissão expressa. Esses são espaços de intimidade que não devem ser violados.
Mobiliário e Decoração: Sente-se onde for indicado e não arraste móveis ou mexa na decoração. Comentários sobre como a casa "deveria ser" ou críticas à organização são ofensivos, mesmo que bem-intencionados. O papel do hóspede é desfrutar, não auditar.
O Banheiro Alheio: Use com extremo cuidado. Homens devem ter atenção redobrada à higiene do vaso e jamais utilizar pias para fins inadequados. (Não urine na pia). Deixe o ambiente impecável, sem vestígios de uso.
A Iniciativa: Espere que o anfitrião ofereça comida ou bebida. Pedir algo que não está na mesa pode constranger quem recebe, caso não tenha o item disponível.
Presença Real: Quando estiver em visita, esteja presente. Ficar checando o relógio ou imerso no celular passa a mensagem clara de que você preferiria estar em outro lugar. Dedique sua atenção total às pessoas reais à sua frente.
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