Fale, mas Não Fale Demais, mas Também Não de Menos
A pessoa educada respeita os demais e, por isso, naturalmente ajusta o que fala ao interesse e à capacidade do seu interlocutor. Ou seja, ele não fala como quem tenta esgotar todo o seu conhecimento de uma só vez, como se quisesse se engrandecer. Também não sobrecarrega uma criança com termos técnicos incompreensíveis, nem cansa um idoso com um ritmo acelerado ou exigindo conhecimentos modernos que ele não possui. Além disso, jamais constrange seus ouvintes falando de maneira rude, apressada, distraída, condescendente, racista ou intimidadora.
Saber dosar a palavra — evitando tanto o excesso quanto a omissão — é reconhecer a importância do outro como sujeito digno de atenção e consideração. Falar na medida certa é um ato de humildade e consciência, capaz de transformar a comunicação em um gesto de gentileza, fortalecendo os laços que sustentam a verdadeira fraternidade humana.
Imagine a cena: uma mãe idosa, acamada há anos, recebe a visita do filho empresário. Ele é tão ocupado que raramente liga, quase nunca aparece e jamais a levou para passear na velhice. Quantas vezes, no entanto, ela não o teria levado ao parquinho... “Não tinha palavras para dizer a ela”, justificava-se
A família insiste na importância da visita, e ele enfim aparece. Mas não fala o que deve. Mexe-se sem parar, como quem quer apressar o tempo da visita, e fala apenas consigo mesmo, pois não desgruda do celular: apesar de visitar a mãe, continua ausente, porque não tem palavras apropriadas para dar — porque não tem coração. No princípio era o Verbo, e do Verbo todas as coisas foram criadas. Da mesma maneira, nossas palavras criam ou destroem a realidade à nossa volta.
Durante toda a visita, mantém os olhos no celular. A mãe sorri, cheia de esperança. Espera um olhar, um gesto, uma frase... mas ele nada diz. Pede para esperar — “tenho que atender, é cliente”. Ela sorri esperando o filho empresário lhe dar a atenção que nunca vem. Triste, abaixa os olhos... e morre.
Mais tarde, ele diz que se arrepende de não ter feito um passeio com ela, de não ter conversado mais. Mas ninguém acredita. Suas palavras soam ocas. Ele fala como sempre: de si mesmo. E busca consolo na fala que justifica, não na que reconcilia. Continua só olhando para si mesmo em tudo. Como diz Santo Agostinho: a lama do pecado não agride apenas à vítima, mas gruda no próprio pecador. Quantos pecados não estão escondidos na omissão... egoísmo, falta de caridade, etc.
O que ele nunca entendeu é que bastavam umas poucas palavras — um telefonema, um “estou com saudade”, um “como a senhora está?” — para inundar a o dia a dia da mãe dessas pequenas alegrias que enternecem o coração das mães.
Falar demais ou de modo inapropriado é ruim, mas deixar de falar é ausência. Ausência é, na verdade, deixar de dizer o que se deveria, como se deveria, quando deveria. Pode-se estar longe fisicamente, mas muito perto se houver amor, respeito, consideração.
Na prática, essa regra de boas maneiras de dosar o que se fala conforme o seu interlocutor e as circunstâncias vale em todos os pequenos encontros do dia a dia: numa reunião, por exemplo, destaque apenas os pontos-chave para poupar o time de detalhes irrelevantes; ao falar com um subordinado, evite tom professoral; ao escrever, dose a quantidade de frases para não esgotar o leitor.
Ajustar o que se fala ou escreve para atender às necessidades do interlocutor revela boas maneiras, inteligência social e emocional. Não deixe de ir à Missa de Sétimo Dia porque não sabe o que dizer — sua ausência não será esquecida e sua presença será sempre lembrada com gratidão pela família enlutada, acredite. Não seja omisso: pecamos, como se diz na Santa Missa, por atos, palavras e omissões.
Palavras de atenção são sementes de caridade. Enxergar o outro e calibrar as palavras é transformar encontros comuns em laços de amor que podem chegar os céus. Lembre-se: no fim da vida, ninguém recordará suas palavras, mas sempre como você os fez sentir.
✅ Dos & Don’ts — Falar com Boas Maneiras
✅ Faça:
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Ajuste sua fala à idade e compreensão do outro.
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Fale com clareza, respeito e atenção.
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Demonstre afeto com palavras simples.
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Use o tom de voz apropriado ao momento.
Fale do que interessa ao outro e não apenas o que você quer falar.
❌ Evite:
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Falar demais sobre si mesmo.
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Usar termos técnicos com quem não entende.
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Interromper ou apressar a conversa.
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Falar olhando para o celular.
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Omitir palavras que confortariam alguém.
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