Hoje quero dividir com vocês uma história que me toca profundamente a alma... É sobre uma jovem esposa, uma moça sonhadora, casada com um médico simples e dedicado. Ele era daqueles homens raros, sabem? Que trabalham incansavelmente, com amor verdadeiro pelo que fazem, sem alarde ou vaidade.
Mas a esposa - ah, como somos cegas às vezes! - vivia deslumbrada com um mundo que lhe parecia mais brilhante. Artistas, músicos, pessoas "importantes" enchiam sua casa nas quartas-feiras, enquanto seu marido, gentilmente, servia a todos. Ela, de sua parte, vivia tão entretida com seu deslumbre que nem percebia como ele chegava animado para contar suas pequenas vitórias no hospital, suas promoções... Como para ele era triste, não receber uma palavra de carinho dela, um sorriso de aprovação, mas ela estava ocupada demais com seus sonhos vazios.
O deslumbramento é como um veneno que, gota a gota, vai corroendo nossa capacidade de enxergar o que é importante na vida. Quando trocamos o café da manhã compartilhado com amor pelos likes nas redes sociais, quando substituímos a conversa sincera com nosso parceiro pela busca incessante de status e aparências, quando negligenciamos o cuidado com nosso lar e família por conta de festas vazias e amizades superficiais, estamos, na verdade, desperdiçando os momentos mais preciosos que jamais voltarão.
Cada minuto perdido perseguindo falsos deuses - seja a obsessão pelo corpo perfeito, a ganância por riquezas materiais, o vício em substâncias que prometem falsas alegrias, ou a busca desenfreada por prazeres efêmeros - é um passo na direção errada de alcançar a verdadeira felicidade.
Meus queridos netinhos, como aquela esposa da história, podemos um dia acordar e perceber que, enquanto corríamos atrás de sonhos passageiros, deixamos escapar por entre os dedos o verdadeiro tesouro da vida: o amor sincero, o companheirismo de cada dia, a paz de uma consciência tranquila e a alegria de uma vida com propósito, vivida de acordo com os ensinamentos de Deus.
No conto de Tchekhov, 'A Cigarra' (às vezes traduzido como 'A Caçadora de Grilos'), podemos sentir como a sociedade tratou com desprezo a esposa do bom médico que vivia correndo atrás de pessoas "superiores". É um exemplo muito real de como, quando corremos atrás de falsos valores, nos tornamos pessoas vazias. E quando somamos a isso escolhas erradas, acabamos sendo desprezados - justamente o contrário daquela admiração que tanto buscávamos ao idolatrar falsos deuses, que no caso desse conto eram os artistas considerados 'superiores'.
Lembrem-se sempre, meus amores, que o que realmente importa na vida são os laços verdadeiros que construímos e os valores eternos que guardamos no coração."
O marido da história contraiu uma doença grave ao sugar a garganta infectada de uma criança para salvá-la - tal era sua dedicação aos pacientes. E sabem o que aconteceu quando ele estava em seu leito de morte? A casa encheu-se das pessoas mais importantes da cidade, todos devastados por perder um homem tão extraordinário. Só então ela percebeu que tinha desperdiçado anos correndo atrás de falsos brilhos, enquanto o verdadeiro diamante esteve sempre ali, na sua casa, e agora estava morrendo sozinho no sofá cercado da admiração das pessoas mais importantes.
Por isso, meus amores, guardem bem esta lição: não se deixem enganar pelas futilidades da vida, pelas aparências ou pelas falsas ideologias que exigem um perfilamento fanático. O verdadeiro valor de uma pessoa não está no quanto ela brilha em sociedade, ou em quanto a sua seita a aprova, mas na profundidade de seu caráter, na sinceridade de seu amor, na dedicação silenciosa com que constrói sua vida e cuida dos outros.
Celebrem as conquistas um do outro, por menores que pareçam. Estejam presentes. Ouçam com o coração. Pois às vezes só percebemos o valor de quem amamos quando é tarde demais... Lembrem-se sempre, meus amores, que o que realmente importa na vida são os laços verdadeiros que construímos e os valores eternos que Deus nos ensinou.
Com todo meu amor e a sabedoria que só a vida nos traz,
Vovó Lillo
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Baseado no conto de Tchekhov The Grasshoper. Postagem com edição do Claude da Antrophic.
Eu li esse conto nesta maravilhosa edição da Editora Portuguêsa Relógio D’água. Este conto foi traduzido por “LAVANDISCA” e consta do primeiro volume de contos de Tchékhov editado pela Relógio D’água com tradução (do russo) de Nina Guerra e Filipe Guerra.
Maiores informações sobre a coleção
Anabela Carvalho
Relógio D'Água Editores
Rua Sylvio Rebelo, 15
1000-282 Lisboa
Tel. 00351 218474450
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