Quaresma e Jejum

Quaresma

40 dias de Preparação para a Páscoa 

Início: Quarta-feira de Cinzas 

Encerramento: Quinta-Feira Santa

Quaresma

A Quaresma é o período de 40 dias que se inicia na Quarta-Feira de Cinzas e se prolonga até a Quinta-Feira Santa, na Missa da Santa Ceia (*). Durante a Quaresma praticamos jejum, esmola e oração como forma de nos prepararmos para a Páscoa porque a oração nos liga a Deus; a caridade, ao próximo e o jejum, a nós mesmos. (Papa Francisco). Na Quaresma devemos Intensificar os momentos de oração; confessar, praticar o jejum e a abstinência, dar esmola e praticar a caridade. Os exercícios quaresmais devem visar principalmente três objetivos: nos aproximar de Deus. melhorar em humildade ou superar um defeito concreto.

Jejum

A Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa são dias obrigatórios de jejum e abstinência. Todos que tiverem completado 14 anos até os 59 completos são obrigados a fazer o jejum e a abstinência nesses dias. A tradição da Igreja indica também a abstenção de carne, em todas as sextas-feiras da Quaresma. 

Quando jejua, uma pessoa pode comer uma refeição completa  e duas refeições menores que juntas não são iguais a uma refeição completa. 

Para compreender o Sentido Geral do Jejum

Existem dois tipos de jejum: o total e o de abstinência. O jejum total significava ficar de guarda, ou em vigília e precedia as grandes festas e até hoje precede a Sagrada Comunhão. O jejum total era, assim, um meio de esperar.

O segundo jejum, de abstinência de certos alimentos, surgiu como um ato de autodisciplina e autocontrole. É um jejum mais pessoal, para ajudar a si mesmo a ser mais autocontrolado. 

O Sentido Teológico

A "queda" da humanidade para longe de Deus e para o pecado começou com um descontrole na alimentação. Deus havia proclamado um jejum do fruto de uma única árvore, e Adão e Eva o quebraram.  Adão e Eva rejeitaram uma vida dependente somente de Deus por uma que dependia mais do alimento. Quiseram ser como Deus pelo alimento. 

Repetimos essa auto suficiência quando nos afastamos de Deus pelo consumismo.  O jejum se torna um meio de frear o descontrole pessoal.  A concessão ao consumismo é uma forma de idolatria. É ao que São Paulo se referia quando disse: : "o deus deles é o ventre…" (Filipenses 3:19). Não podemos desfrutar dos dons materiais a ponto de nos esquecermos de quem nos deu tudo que existe.

A verdadeira vida significa comunhão com Deus e não com o pão e nem conosco mesmos. A comida perpetua a vida no mundo físico, que está sujeito à decadência e à morte. O jejum se conecta ao mistério da vida e da morte, da salvação e da condenação.  

Em um jejum espiritual, como durante a Quaresma, o objetivo é adquirir contenção e autocontrole para ouvir melhor o que Deus nos quer dizer. Isso transforma o jejum num complemento da oração. 

A Ciência e o Jejum

O jejum está na moda como meio de emagrecer. Hoje o jejum intermitente é preconizado  para combater a síndrome metabólica que é o início de muitas doenças. Também nos tratamentos de problemas psicológicos graves, é necessário superar as dependências pela abstenção dos “apoios” da gula e outros vícios. Hoje a ciência atesta o que a Igreja preconizava: a abstenção dos excessos é o caminho para a recuperação da plena saúde tanto física como mental. 

Outras Faces do Jejum

Uma forma de Melhorar a Oração

O jejum também é uma forma de nos desculparmos para com Deus. Quando fazemos algum tipo de sacrifício para compensar o que fizemos de errado estamos pedindo desculpas mais cabalmente. 

Se fazemos o sacrifício de deixar de ir tomar chope com os amigos para chegar mais cedo em casa e ajudar a mulher na educação dos filhos, oferecemos a Deus algo mais do que palavras. 

Deus não precisa dos nossos sacrifícios para nos conceder seu perdão,  Somos nós que ao vivenciando o sacrifício, percebemos mais nossas dificuldades e o quanto custa à esposa o cuidado dos filhos e de como ela é uma benção, que merece todo respeito, por exemplo. Pelo contenção dos nossos excessos, mais facilmente vemos nossos pecados e as muitas bençãos recebidas de Deus.

Todas as virtudes não são obra de um único dia, mas de uma vida e é por isso que as pequenas mortificações cotidianas são caminho de crescimento pessoal.

Uma forma de pedir Intercessão

Nas Sagradas Escrituras, ninguém se envolve em oração intercessória séria – nem Daniel, nem Davi, nem um dos profetas, maiores ou menores – sem também jejuar. Mostrar a disposição de fazer um sacrifício torna as orações mais do que meras palavras. 

Uma forma de nos Unirmos a Cristo

O jejum nos une ao Cristo sofredor. Cristo conhecia a fome. Cristo conheceu o abandono. Cristo conhecia a dor. Todos os maiores místicos da Igreja ensinaram que, de alguma forma, misteriosamente, quando jejuamos, caminhamos com Cristo até o Gólgota, aliviando seus sofrimentos com o dom de nossa companhia. 

Em nossa fome, nos aproximamos dele. Ela nos une a ele. Privados de comida nos sentimos frágeis. Cada decisão consciente de continuar jejuando nos lembram o que os outros enfrentam quando passam fome e essa solidariedade se transforma em ação de conversão pessoal e da busca da nossa semelhança com Cristo. 

Expandindo o Sentido do Jejum

A Igreja estende a ideia de jejum, além do mínimo de pular refeições, para um programa mais abrangente de abnegação pelo qual possamos crescer na virtude oposta ao nosso defeito dominante. Jesus disse: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo… cada dia" (Lc 9:23). Assim uma boa prática para a quaresma é procurar o sacrifício que nos vai fazer crescer na virtude oposta ao nosso defeito dominante.

Síntese sobre o Jejum 

Os benefícios espirituais específicos do jejum são:

  1. Produzir humildade (Sl 69:10). 

  2. Conhecer nossos pecados (1 Sm 7:6). 

  3. Abrir nosso caminho para Deus (Dn 9:3). É um meio de discernir a vontade de Deus (Ed 8:21) 

  4. É um poderoso método de oração (8:23) 

  5. É instrumento de verdadeira conversão. 

  6. O jejum nos ajuda a nos desapegar das coisas deste mundo. 

  7. O jejum é uma boa maneira de nos preparar para o que está por vir. Ao nos apoiarmos mais em Deus que nos bens materiais, somos mais fortes na doença e na velhice.

  8. São Josemaria Escrivá,  ensinava que devemos fazer um pequeno sacrifício em cada refeição, sempre, e não apenas durante a Quaresma. Pular um lanche ou sobremesa sem dar muita importância a isso pode ser um meio cotidiano de manter o domínio sobre os instintos. 

  9. Para o cristão, jejuar é, em última análise, jejuar do pecado.

  10. O jejum é um meio de economizar recursos para dar aos pobres. Alguns cristãos tem o propósito de todo dinheiro economizado na mortificação do refrigerante não consumido, por exemplo, é doado aos pobres.

  11. O jejum é um meio de autodisciplina, castidade e restrição dos apetites.

(*) Esta missa vespertina, contudo, não faz parte do tempo quaresmal, mas é a celebração que abre o Tríduo Pascal da Semana Santa.





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